Texto elaborado com base no livro O Homem e seus símbolos de Carl Jung

Atualmente vivemos rotinas de superexposição, a chamada Economia da Atenção, onde há um excesso de informação, de estímulos, visuais, auditivos que constantemente geram pressão para que estejamos engajados e atualizados com toda a sorte de informação, tratamos nossos cérebros como máquinas e mesmo outros sentidos nossos, são bombardeados todos os dias como o nossos olfato e nosso paladar preenchidos por comidas e seus aditivos químicos.

Posto tudo isto, o quanto de mensagens, pistas, informações subliminares não absorvemos diariamente?Até que ponto essa super exposição sobrecarrega e interfere em nosso inconsciente?

A mente humana não foi projetada para processar tamanha quantidade de dados, levando à sobrecarga e ao estresse. A imersão constante no mundo externo nos afasta da nossa própria interioridade, dificultando o autoconhecimento e a autorregulação. 

Jung alerta-nos sobre estas influências externas e já nos avisava sobre o peso quando damos mais atenção ao exterior.

“As pessoas estimulam-nos ou deprimem-nos, ocorrências na vida profissional ou social desviam a nossa atenção. Todas estas influências podem levar-nos a caminhos opostos à nossa individualidade; e quer percebamos ou não o seu efeito, nossa consciência é perturbada e exposta, quase sem defesas, a estes incidentes. Isto ocorre em especial com pessoas de atitude mental extrovertida, que dão todo o relevo a objetos exteriores, ou com as que abrigam sentimentos de inferioridade e de dúvida envolvendo o mais íntimo da sua personalidade. Quanto mais a consciência for influenciada por preconceitos, erros, fantasias e anseios infantis mais se dilata a fenda já existente, até chegar se a uma dissociação neurótica e a uma vida mais ou menos artificial, em tudo distanciada dos instintos normais, da natureza e da verdade.”(pg, 49)

Ou seja, quando vivemos influenciados pelos estímulos de fora e não investimos na introspeção e no autoconhecimento, somos estranhos, alheios a nós mesmos, estamos na contramão da individuação que segundo Jung, seria o encontro saudável conosco, aceitar e acolher quem realmente somos.

“Para benefício do equilíbrio mental e mesmo da saúde fisiológica, o consciente e o inconsciente devem estar completamente interligados, a fim de que possam se mover em linhas paralelas. Se se separam um do outro ou se ”dissociam”, ocorrem distúrbios psicológicos. Neste particular, os símbolos oníricos são os mensageiros indispensáveis da parte instintiva da mente humana para a sua parte racional, e a sua interpretação enriquece a pobreza da nossa consciência fazendo-a compreender, novamente, a esquecida linguagem dos instintos.” (pg, 52)

Até pensamos que aginos de acordo com a lógica, que somos levados por nossos interesses, quando na verdade tudo está de dentro de nós e faz parte da nossa subjetividade e na maior parte do tempo, não temos acesso, porque andam por lá, escondidas no porão do inconsciente, nossas escolhas acabam sendo muito mais influenciadas por pistas, muitas vezes subliminares que não fazemos a menor ideia.

Pode ser um cheiro que remete à algo bom ou não, alguém que com uma cara muito pareceida com a daquele ex que não suportamos e pronto, insconscientemente projetamos tudo de ruim naquele pobre desconhecido. Isto acontece o tempo todo conosco, por isso, precisamos estar atentos e cada vez mais conscientes das nossas atitudes de como estamos na vida e principalmente como reagimos aos outros e a vida.

Em um estudo recente, pesquisas psicanalíticas e psicodinâmicas sugeriam que o inconsciente influencia nossas decisões diárias, e psicólogos alertaram que até 85-95% da tomada de decisão ocorre fora de nossa consciência.(fonte, O papel do inconsciente na recuperação de informações: o que a percepção do usuário nos diz, https://dl.acm.org/doi/abs/10.1145/2854946.2854986).

Que tal refletir sobre o que realmente buscamos e o porquê.

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