Baseado no Livro O Homem e Seus Símbolos de Carl Jung
Intuição e criatividade
“Assim como o conteúdo consciente pode se desvanecer no inconsciente, novos conteúdos, que nunca foram conscientes, podem “emergir”. Podemos ter a impressão, por exemplo, de que alguma coisa está a ponto de tornar-se consciente — que “há alguma coisa no ar” ou que “aqui tem dente de coelho”. A descoberta de que o inconsciente não é apenas um simples depósito do passado, mas que está também cheio de germes de idéias e de situações psíquicas futuras levou-me a uma atitude nova e pessoal quanto à psicologia. Muita controvérsia tem surgido a este respeito. Mas o fato é que, além de memórias de um passado consciente longínquo, tambémpensamentos inteiramente novos e idéias criadoras podem surgir do inconsciente – idéias e pensamentos que nunca foram conscientes.” (pg,38)
Quando analisamos este trecho do livro: O Homem e seus símbolos, identificamos fenómenos, como a inspiração.
Por exemplo, um escritor pode ter uma ideia brilhante para um romance durante um sonho, ou um cientista pode ter um insight sobre um problema complexo enquanto toma banho, exemplos da criatividade que é alimentada por um repertório de estudos sobre uma determinada matéria.
Ou uma intuição, sentir que algo vai acontecer, mesmo sem ter evidências concretas, pode ser um sinal de que o inconsciente está a processar informações que ainda não chegaram à consciência e mesmo o Déjà vu, que é a sensação de já ter vivido uma determinada situação pode ser uma indicação de que o inconsciente está reconhecendo algo familiar, mesmo que a nível inconsciente.
Muitas vezes não sabemos de onde vem determinada ideia, mas a verdade é que tudo o que vivemos está gravado em nós, mesmo que inconscientemente, uma música, um cheiro, uma palavra, um livro, tudo ao longo da nossa existência.
Não temos ideia da máquina poderosa que é o nosso cérebro e da importância extrema de preservá-lo no sentido de alimentá-lo com informações de qualidade, relacionamentos de qualidade, os ambientes que frequentamos, ou seja, tudo na nossa vida deve ser selecionado com muito cuidado e zelo, para que o nosso repertório mental seja também de qualidade. Bons filmes, bons livros, boas conversas…
“(…) a capacidade da nossa psique para produzir este material novo é particularmente significativa quando se trata do simbolismo do sonho, desde que a minha experiência profissional provou-me, repetidamente, que as imagens e as idéias contidas no sonho não podem ser explicadas apenas em termos de memória; expressam pensamentos novos que ainda não chegaram ao limiar da consciência.” (pg,38).
“Assim, os sonhos algumas vezes podem revelar certas situações muito antes de elas realmente acontecerem. Não é necessariamente um milagre ou uma forma de previsão. Muitas crises da nossa vida têm uma longa história inconsciente.”(pg, 50).
Segundo a perspectiva de Jung, as crises que enfrentamos na vida não são eventos isolados, mas sim o resultado de processos inconscientes que se desenvolvem ao longo do tempo.
Muitas vezes, tais crises refletem padrões de comportamento e relacionamentos que se repetem ao longo da vida, indicando a presença de complexos inconscientes.
Uma pessoa pode envolver-se repetidamente em relacionamentos tóxicos, revelando um padrão inconsciente de busca por aprovação ou reconhecimento.
Sonhos Proféticos?
Há ainda, sonhos que revelavam sentimentos profundos e desconhecidos ao próprio sonhador, como no caso do paciente de Jung que sonhava que saltava para o infinito do cume de um penhasco, ou da mulher que estava perdida na floresta e que do sonho, passaram para a realidade, numa espécie de profecia auto realizada.
“Há, ainda, certos acontecimentos de que não tomamos consciência. Permanecem, por assim dizer, abaixo do limiar da consciência. Aconteceram, mas foram absorvidos subliminarmente, sem nosso conhecimento consciente. Só podemos percebê-los nalgum momento de intuição ou por um processo de intensa reflexão que nos leve à subsequente realização de que devem ter acontecido. E apesar de termos ignorado originalmente a sua importância emocional e vital, mais tarde brotam do inconsciente como uma espécie de segundo pensamento.” (pg, 28).
Nem todos os eventos que vivenciamos são conscientemente processados. Muitas experiências “escorregam” para o nosso inconsciente, sem que percebamos sua importância no momento. Contudo, essas memórias subliminares podem emergir mais tarde, influenciando nossos pensamentos e sentimentos de maneira inesperada. É como se o nosso cérebro guardasse informações “escondidas”, que só são reveladas em momentos de profunda reflexão ou intuição.
É até relativamente comum, termos ideias durante os nossos sonhos, encontrarmos respostas para aquela teoria, ou uma ideia para aquele projeto. O nosso inconsciente envia-nos mensagens constantemente durante os nossos sonhos.
Lembro de sonhar com uma viagem em que tudo daria errado, e tal como o sonho, a viagem foi mesmo ruim, essa premunição, provavelmente era uma informação que eu já sabia, mas que de certa forma não queria encarar e com isso a informação estava viva no meu inconsciente e tentou alertar-me sobre o que possivelmente enfrentaria.
Fascinante, não ? Já aconteceu algo parecido com você?
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